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segunda-feira, 4 de agosto de 2014

O Vento Azul do Som

Em 2002 os amigos Cícero Mago , Márcio Prata, Marcelo Prata, Professor Bactério e Sidnei deram início  a banda instrumental/progressiva Fractais,  em uma comunidade na cidade  de São Cristóvão denominada  Chácara do Sol e como todos  eles viviam por lá neste período, tinham todo o tempo do mundo para produzirem sons além dos que tocavam na banda. Entre os  intervalos  dos ensaios  da Fractais  surgiu  o Vento Azul do Som.

Sem uma formação definida, entre dezembro de 2002  e fevereiro de 2003 O Vento Azul do Som criou  sons para o álbum caseiro Antropozoomórfico, conhecido também como o disco da mosca.

                                                                          Vento Azul do Som
Microtons
Cícero Mago-Bateria
Marcelo Prata- Ruídos e percussão
Márcio Prata- Sintetizador

Sem recursos tecnológicos para uma  boa  captação de áudio ,o disco completamente experimental, foi lançado artesanalmente pelo selo Badoh Negro e distribuído gratuitamente para algumas pessoas próximas. A qualidade das gravações em geral não é boa, porém o disco tem um valor enorme para os que nele tocaram,  já que os sons foram gravados durante vivências com o cogumelo Strophraria Cubensis.

Após uma longa pausa o grupo retorna em 2007 com Márcio Prata, Marcelo Prata, Cícero Madureira ,Pedro Pascoíni, e Ulisses Guarani. Gravam duas faixas inéditas que saíram no LP O Soma.
Uma das faixas "Ao Amigo Lula Côrtes" , foi ouvida pelo homenageado que, prestando atenção ao som até o final, afirmou ter curtido muito e alegou parecer Ave Sangria ao vivo. Quando soube qual era o nome do som, Lula Côrtes sorriu e mandou esse recado no disco Paêbirú de Marcelo Prata.




Vento Azul do Som Ao amigo Lula Côrtes.
Cícero Mago- Baixo.
Marcelo Prata- Bateria e percussão.
Márcio Prata- Teclado.
Pedro Pascoíni- Viola.
Ulisses Guarani- Percussão.


Em 2008 O Vento Azul do Som retorna a Chácara do Sol  e grava sons para o álbum Abaporú (Inédito) . Além de Márcio Prata e Marcelo Prata, algumas faixas  contaram com o Bactério nas cordas.





Vento Azul do Som
 Éacidolisérgico
Márcio Prata- Cordas e voz.
Marcelo Prata- Cordas e voz.


Após 2008 o grupo deu um tempo para gravações,  porém se apresentou duas ou três vezes em Aracaju e São Cristóvão.

Em julho de 2014 O Vento Azul do Som retornou para criar faixas  para um Split LP que sairá com prensagem limitadíssima em conjunto com o projeto Psychedelic Down.





segunda-feira, 21 de julho de 2014

JZSMTK JazSmetak tak tak

JZSMTK 


JazSmetak tak tak 

O nome JZSMTK (pronuncia-se Jazsmetak) é um neologismo entre a palavra jazz e o sobrenome do genial decompositor da música contemporânea no Brasil: Walter Smetak (1913-1984). Smetak era um alquimista do som, cultivava o empirismo estético como forma de desenvolvimento das percepções e do autoconhecimento. Sua atividade percorria a investigação musical pela via da invenção, ligando a exploração ativa das sonoridades instrumentais e dos objetos que nos rodeiam ao exercício sonoro da busca por novas experiências artísticas, tanto na construção de instrumentos e esculturas sonoras quanto na composição de peças musicais e teatrais.



              


Já a palavra jazz designa um estilo musical nascido nos Estados Unidos, oriundo da mescla de sonoridades africanas, latinas e europeias clássicas, tudo altamente vinculado à improvisação melódica e rítmica. O jazz terminou ressignificando a improvisação como procedimento musical na modernidade, e liberou a criatividade dos músicos ao mesmo tempo em que deu ao público a possibilidade de experimentar estruturas diferentes das tradicionais, colocando em xeque a distinção entre música erudita e música popular. 

                                                    

JazSmetak na Espaço Serralheria pt. IV 

(com Gabriel Kerhart)

Daniel Avila: Clarinete e saxofone

Francisco França: Bateria e trompete

Xantilele: Baixo

Rômulo Alexis: Trompete

Matias Viola: trompa

Deco Pereira: percussão e plástica sonora



O JZSMTK fusiona esses dois sentidos, ligando a exploração ativa das sonoridades instrumentais e dos objetos que nos rodeiam ao exercício sonoro da busca pelo novo, através da interação de instrumentos tradicionais e outros criados e montados pelo própio grupo em dinâmicas de improvisação coletiva, nas quais se faz um convite à participação ativa do público nas performances. 







JZSMTK - Surgida em 2005, JZSMTK é uma banda que já passou por diferentes formações. Já foi quarteto com piano, já foi power trio e agora é um quinteto que mistura timbres de instrumentos orquestrais – como a trompa e o clarinete – e populares – como o trompete e a bateria –, ambientados com o auxílio de instrumentos e plásticas sonoras construídas pelo grupo. 
Como o próprio nome diz, JazSmetak é uma variação da palavra jazz com o nome de uma figura luminar da vanguarda instrumental e sonora: Walter Smetak. Na esteira dessa fusão experimental, a banda segue uma linha de pesquisa norteada pelo free jazz, pela busca de novos processos de criação coletiva e pela exploração de novas sonoridades. Improvisando livremente, os músicos buscam uma dinâmica coordenada, sem se prender a estruturações hierárquicas tradicionais, superando as limitações dos instrumentos tradicionais, por meio do uso de técnicas estendidas e da produção de novos instrumentos, e recomeçando a tarefa traçada por Smetak: a busca de novos sons. A banda realizou diversas apresentações, interagindo com grupos de dança e com o público, em eventos na Casa das Rosas, no Café Aurora, na Biblioteca Alceu Amoroso Lima, no Syndikat Jazz Club, no Centro Cultural Popular Consolação (CCPC), no Museu de Arte Moderna (MAM) e em coletivos de arte.





 INFORMAÇÕES E CONTATO 
https://soundcloud.com/jazsmetak
http://romulex.wordpress.com/
http://membranaexperimental.wordpress.com/
https://www.youtube.com/watch?v=87IGPSUxGK0
https://www.youtube.com/watch?v=cjO0ZLOlCII&list=PLMMuERvi7z6Yr3qwbKxPimj4bj08hiWga&index=4
romuloalexis@gmail.com

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Lacertae- Música vanguardista no interior sergipano.

O grupo sergipano Lacertae não se enquadra em um estilo musical específico. Regional-Jazz-Rock ou Som Campestre são algumas das tentativas de síntese a linha dos sons produzidos. Mas a banda é experimental o suficiente para ficar a vontade e criar sonoridades inovadoras.
A Lacertae surgiu em Campo do Crioulo, um vilarejo próximo à cidade de Lagarto, no interior de Sergipe.
Começaram como um trio e  lançaram uma demo que mesclou rock e experimentalismo intitulada 100 KM com 1 sapato, fez um sucesso impressionante, tendo sido eleita entre os 25 melhores discos  independentes do rock brasileiro de todos os tempos pelo jornalista Alexandre Matias e quase estouraram junto com o movimento Mangue Beat: estavam pra fechar contrato com a gravadora Rock it do guitarrista da Legião Urbana Dado Vila Lobos, quando o vocalista Paulo Henrique,  que toca instrumentos que ele mesmo inventa, a exemplo da percussão feita com escapamentos de carros e um outro denominado cabaçofone. Teve de abandonar o trabalho do grupo por motivo psicológico.


Abra a Porta- Lacertae

Abra a porta e deixe o vento passar,
Abra a porta.
O vento não é frio nem desafio
.
Abra a porta e deixe o vento passar,
Abra a porta.
Sem ninguém o vento vem,
abro a porta e deixo o vento me levar.
Sem sombras, com ondas, o vento é brisa
e a força do mar.
Sem brumas nas alturas dos olhos
me comentam os ventos lá.

Abra a porta e deixe o vento passar,
abra a porta.
Com o tempo os ventos passam,
como uma pena, semente, complemento
uma árvore complementar.
No firmamento, os ventos, gotas, cores a se formar.

Abra a porta e deixe o vento passar, abra a porta.
Com o tempo os ventos passam, e os homens no mesmo lugar.
Como uma criança, cresce, homens envelhecem, acaba.

A banda Lacertae a partir de 1997 continuou sua trajetória e reinventou o som como um duo.  Deon além de continuar com sua guitarra ao melhor estilo Hendrix, usou muito o violão,  a rabeca e as congas nas novas composições, além de  assumir o vocal, enquanto o baterista Tacer transformou sua bateria  em um berindrum ou berimbateria, onde com a mesma mão que toca a caixa toca  um berimbau e não para por ai, ele ainda toca  flauta , conga, zabumba e faz o beck vocal.
Como duo a Lacertae tem dois discos lançados:

Berimbau de  Cipó Imbé, lançado em 2000, e A Volta que o mundo deu de  2005 ,lançado pelo selo, Zabumbambus, que também é uma Casa de Cultura no Campo do Crioulo, onde se ensina música, literatura, folclore e artes plásticas de modo informal para a criançada local.


Lacertae- Pra que Pressa


Berimbau do Cipó Imbé- 2000

Abra A Porta
Caminho De Santiago
Coração
Sol Ser S
Líquido
Viagem No Pensamento
Porque Queres Me Ouvir ?
A Chamada
Sorria
Casulo
Céu Bonito
Sonho De Criança
Sergipe
Concreta
Tempo


A Volta Que o Mundo Deu- 2005

Pau D'arco
O que é? O que é?
O Danado
Santo de Casa
Amiga Folhagem
Eu Não Posso Ficar Parado
Zambindia
Pra que Pressa
A Volta que o Mundo Deu
Entrada e Saída


sexta-feira, 4 de julho de 2014

Hermeto Pascoal - Tudo é instrumento.

Nascido em Olho d´Água e criado em Lagoa da Canoa, na época município de Arapiraca, estado de Alagoas, em 22 de junho de 1936, Hermeto Pascoal é filho de Vergelina Eulália de Oliveira (dona Divina) e Pascoal José da Costa (seu Pascoal). Foi no seu alistamento militar que colocaram o pré nome de seu pai como seu sobrenome.
Os sons da natureza o fascinaram desde pequeno. A partir de um cano de mamona de "gerimum" (abóbora), fazia um pífano e ficava tocando para os passarinhos. Ao ir para a lagoa, passava horas tocando com a água. O que sobrava de material do seu avô ferreiro, ele pendurava num varal e ficava tirando sons. Até o 8 baixos de seu pai, de sete para oito anos, ele resolveu experimentar e não parou mais. Dessa forma, passou a tocar com seu irmão mais velho José Neto, em forrós e festas de casamento, revezando-se com ele no 8 baixos e no pandeiro.


 Hermeto Pascoal e Grupo --Música da Lagoa
Itiberê Zwarg, Márcio Bahia, Carlinhos Malta, Jovino Santos Neto 

Mudou-se para Recife em 1950, e foi para a Rádio Tamandaré. De lá, logo foi convidado, com a ajuda do Sivuca (sanfoneiro já de sucesso), para integrar a Rádio Jornal do Commercio, onde José Neto já estava. Formaram o trio "O Mundo Pegando Fogo" que pegou fogo mesmo já na primeira vez em que tocaram, pois, segundo Hermeto, ele e seu irmão estavam apenas começando a tocar sanfona, ou seja, eles só tocavam mesmo 8 baixos até então.
Porém, por não querer tocar pandeiro e sim sanfona, foi mandado para a Rádio Difusora de Caruaru, como refugo, pelo diretor da Rádio Jornal do Commercio, o qual disse-lhe que "não dava para música". Ficou nessa rádio em torno de três anos. Quando Sivuca passou por lá, fez muitos elogios sobre o Hermeto ao diretor dessa rádio, o Luis Torres, e Hermeto, por conta disso, logo voltou para a Rádio Jornal do Commercio, em Pernambuco, ganhando o que havia pedido, a convite da mesma pessoa que o tinha mandado embora. Ali, em 1954, casou-se com Ilza da Silva, com quem viveu 46 anos e teve seis filhos: Jorge, Fabio, Flávia, Fátima, Fabiula e Flávio. Foi nessa época também que descobriu o piano, a partir de um convite do guitarrista Heraldo do Monte, para tocar na Boate Delfim Verde. Dali, foi para João Pessoa, PB, onde ficou quase um ano tocando na Orquestra Tabajara, do maestro Gomes.
Em 1958, mudou-se para o Rio para tocar sanfona no Regional de Pernambuco do Pandeiro (na Rádio Mauá) e, em seguida, piano no conjunto e na boate do violinista Fafá Lemos e, em seguida, no conjunto do Maestro Copinha (flautista e saxofonista), no Hotel Excelsior.
Atraído pelo mercado de trabalho, transferiu-se para São Paulo em 1961, tocando em diversas casas noturnas. Depois de um tempo, formou, juntamente com Papudinho no trompete, Edilson na bateria e Azeitona no baixo, o grupo SOM QUATRO. Foi aí que começou a tocar flauta. Com esse grupo gravou um lp. Em seguida, integrou o SAMBRASA TRIO, com Cleiber no baixo e Airto Moreira na bateria. No disco do Sambrasa Trio, Hermeto já registrou sua música "Coalhada".
Com o florescimento dos programas musicais de TV, criaram o QUARTETO NOVO, em 1966, sendo Hermeto no piano e flauta, Heraldo do Monte na viola e guitarra, Théo de Barros no baixo e violão e Airto Moreira na bateria e percussão. O grupo inovou com sua sonoridade refinada e riqueza harmônica, participando dos melhores festivais de música e programas da TV Record, representando o melhor da nossa música. Nessa época, venceram um dos festivais com "Ponteio", de Edu Lobo. Além disso, Hermeto ganhou várias vezes como arranjador. No ano seguinte gravou o LP QUARTETO NOVO, pela Odeon, onde registrou suas composições O OVO e CANTO GERAL.
Em 1969, a convite de Flora Purim e Airto Moreira, viajou para os EUA e gravou com eles 2 LPs, atuando como compositor, arranjador e instrumentista. Nessa época, conheceu Miles Davis e gravou com ele duas músicas suas: "Nem Um Talvez" e "Igrejinha". De volta ao Brasil, gravou o lp "A MÚSICA LIVRE DE HERMETO PASCOAL", com seu primeiro grupo, em 1973.
Em 1976, retornou aos EUA, gravou o "SLAVES MASS" e realizou mais alguns trabalhos com Airto e Flora.
Com o nome já reconhecido pelo talento, pela qualidade e por sua criatividade, tornou-se a atração de diversos eventos importantes, como o I Festival Internacional de Jazz, em 1978, em São Paulo. No ano seguinte, participou do Festival de Montreux, na Suíça, quando é editado o álbum duplo HERMETO PASCOAL AO VIVO, e seguiu para Tóquio, onde participou do LIVE UNDER THE SKY. Lançou o CÉREBRO MAGNÉTICO em 1980 e multiplica suas apresentações pela Europa.
Em 1982, lançou, pela gravadora Som da Gente, o lp HERMETO PASCOAL& GRUPO. Em 1984, pelo mesmo selo, gravou o LAGOA DA CANOA, MUNICÍPIO ARAPIRACA, onde registrou pela primeira vez o SOM DA AURA com os locutores esportivos Osmar Santos (Tiruliru) e José Carlos Araújo (Parou, parou, parou). Esse disco também foi em homenagem à sua cidade, que se elevou, então, à categoria de município e conferiu-lhe o título de Cidadão Honorário. Em 1986, o BRASIL UNIVERSO, também com seu grupo.
Compôs ainda a SINFONIA EM QUADRINHOS, apresentando-se com a Orquestra Jovem de São Paulo. Em seguida, foi para Kopenhagen, onde lançou a SUITE PIXITOTINHA, que foi executada pela Orquestra Sinfônica local, em concerto transmitido, via rádio, para toda a Europa.
Em 1987, lançou mais um LP: o SÓ NÃO TOCA QUEM NÃO QUER, através do qual o músico homenageia jornalistas e radialistas, como reconhecimento pelo seu apoio ao longo da carreira. Em 1989, fez seu primeiro disco de piano solo, o lp duplo POR DIFERENTES CAMINHOS.
Em 1992, já pela Philips, gravou com seu grupo o FESTA DOS DEUSES. Depois do lançamento, viajou à Europa para uma série de concertos na Alemanha, Suíça. Dinamarca, Inglaterra e Portugal.
Em março de 1995, apresentou uma Sinfonia no Parque lúdico do Sesc Itaquera, em SP, utilizando os gigantescos instrumentos musicais do parque. No mesmo ano foi a convite da Unicef para Rosário, Argentina, onde apresentou-se para 2.000 crianças, sendo que seu grupo entrou para tocar dentro da piscina montada no palco a pedido dele.
De 23 de junho de 1996 a 22 de junho de 1997, registrou uma composição por dia, onde quer que estivesse. Essas composições fazem parte do CALENDÁRIO DO SOM, lançado em 1999 pela editora Senac/ SP.
Em 1999 lançou o CD EU E ELES, primeiro disco do selo Mec, no Rio de Janeiro.
Nesse CD produzido por seu filho Fábio Pascoal, Hermeto toca todos os instrumentos.

Em 2003, lançou, com seu grupo, o cd MUNDO VERDE ESPERANÇA, também produzido por Fábio.
Em outubro de 2002, quando foi dar um workshop em Londrina, PR, conheceu a cantora Aline Morena e convidou-a para dar uma canja no dia seguinte com o seu grupo em Maringá, PR. Em seguida ela foi para o Rio com ele e, no final de 2003, Hermeto passou a residir em Curitiba, PR, com ela. Assim, passou a dar-lhe noções de viola caipira, piano e percussão e, em março de 2004 estreou no Sesc Vila Mariana a sua mais nova formação: o duo "CHIMARRÃO COM RAPADURA" (gaúcha com Alagoano), com Aline Morena.
Em abril de 2004, embarcou para Londres para o terceiro concerto com a Big Band local, sendo que o primeiro já havia sido considerado o SHOW DA DÉCADA. Em seguida realizou mais alguns shows solo em Tóquio e Kyoto.
Em 2005 gravou o CD e o DVD "CHIMARRÃO COM RAPADURA", com Aline Morena, além de realizar duas grandes turnês com seu grupo por toda a Europa. O cd e o dvd de Hermeto Pascoal e Aline Morena foram lançados de maneira totalmente independente em 2006.
Neste ano de 2010 está lançando o novo cd com Aline Morena, denominado "Bodas de Latão", em comemoração aos sete anos juntos na vida e na música! Esse cd contem duas faixas multimídias, gravadas às margens do Rio São João, na estrada da Graciosa, em Morretes, Paraná. Além disso, conta com composições novas e antigas do Hermeto, uma composição e algumas novas letras de Aline e uma música de Astor Piazzolla.
Atualmente, Hermeto Pascoal apresenta-se com cinco formações: Hermeto Pascoal e Grupo, Hermeto Pascoal e Aline Morena, Hermeto Pascoal Solo, Hermeto Pascoal e Big Band e Hermeto Pascoal e Orquestra Sinfônica. Diz ele que, por enquanto, é só!! Esse é o nosso "CAMPEÃO"!!!
Obs. Público, shows e discos têm todos a mesma importância para o Hermeto. Não há melhor público, nem melhor show, nem melhor disco. São todos filhos muito amados por ele. Portanto, o que foi mencionado nessa biografia refere-se apenas a um resumo dos fatos que foram lembrados.


                          
                           Som da barba

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Como componho? Por que componho? Para quem componho?- Walter Smetak


Como componho?

Diferenciam-se dois modos: um que se dedica à pesquisa acústica, – construções de instrumentos –, e depois a sua aplicação prática. Se por acaso faltam timbres ou espécies de sons naturais ou eletrônicos, as definições ficam difíceis, devido a esta falta de recursos.
A realização de novos timbres pode levar o compositor a estranhos resultados, aonde ele pode constatar que a música que ele se comprometeu de fazer compõe-se de ricas ornamentações de timbres, mas não possui o fluido da música organizada. Uma parte da energia desviada no espaço, digamos que seja no papel ou em algum universo paralelo, dará um produto sempre de caráter meditativo, onde nada acontece no sentido orgânico do crescimento da música.
Sendo o Som o material do qual fazemos a música, este trabalho inclui pesquisa dos intervalos, a análise das escalas matemáticas ou temperadas, e as outras – os sons naturais – (harmônicas). A observação de que o Som, a nota musical em vibração, é o efeito de Algo ainda bastante desconhecido, digamos semente de uma árvore que se multiplica na sua capacidade plena no homem, onde a percepção pode ser a máxima possível, deixa adivinhar que a forma do Som é universal, e, entretanto se limita em qualquer objeto visível, passando a transitoriedade do processo da coagulação para a dissolução.
O objeto visível se identifica, por exemplo, nos artes plásticas, com o Som concreto, mas não sendo ainda a música.
O perigo neste procedimento, é que a pesquisa pode engolir o compositor, ainda mais observando que "qualquer coisa" é composta de vários elementos causadores (variantes) para uma composição. Nos instrumentos cinéticos, pode ser aprovado pela velocidade do giro, que o ritmo, a melodia (linha horizontal) e a harmonia, dependem da velocidade do giro. (Instrumento de minha autoria "A Ronda").

Infiltra-se um novo fator nestas observações: que não existe o acaso, mas sim o causalidade. Prova esta afirmação um trabalho aonde foi usado um violão comum, em afinação original, e tocado pelo vento.
(Violão eólico). Pela vibração, explorando a frequência inteira das cordas, tem acontecido um fenômeno de continuidade do som, modulando para um epílogo de uma coletividade para um Uníssono. Não houve nenhuma interferência humana, foi apenas o próprio instrumento, já preexistindo.
Sendo este processo gravado, apareceu ainda um outro fator: a Inter acústica do instrumento:  encontram-se sons e harmonias neste processo, que não ficam auditíveis na maneira comum de tocar um instrumento qualquer de cordas.
Desta pesquisa se desenvolveu depois o plano "OVO", que explora a Inter acústica, e simultaneamente, a microtonização, que se biparte em dois modos: 1° da afinação temperada, e 2° da afinação natural.
Essas constatações se baseiam na obra do autor mexicano Julian Carillo, "SONIDO 13". Embora como parece, esta obra seja pouco realizável, preocupa a mente e pode influir no procedimento tradicional do trabalho musical.
O processo pode ser feito escrevendo os símbolos no papel. Prefiro porém a improvisação, eventualmente gravada para depois retransformá-la na escrita. Prefiro a improvisação para enfrentar o imprevisto e analisar, durante a "tocada", tanto os elementos musicais, como a ecologia psíquica que os mesmos atraem.
Prefiro este processo vivo de composição, onde sempre deve haver um contínuo temático que não pode parar, à composição escrita, para manter a musicalidade espontânea.




Por que componho?

Defendendo a tese de que um dia, muito longe ainda, seria o verdadeiro caminho de se fazer a música,
se as nossas inteligências fossem mais apuradas, compor por simples prazer ao trabalho, por nele,no momento, acho a felicidade, a qual talvez posso transmitir ao público. Procuro manejar o processo do máximo dinamismo, que se estende até os não-acontecimentos, e deve ultrapassar o silêncio do som dacaixa (instrumento musical). Aplico o "choque": a dissonância.




Para quem componho?

Por prazer da própria experiência – se ela for feita em grupos ou individualmente –, para ensinar.
Para criar mil pontos de interrogações e ganhar uma participação grande, se por eventualidade tiver público. Aprendi que a discordância causa mais resultados para evocar diálogos, do que a concordância, procedimento acadêmico que estabelece o processo do pensador "contínuo".
Sintetizando, a minha resposta às três perguntas, é a seguinte:
Componho para pesquisar a matéria viva humano, a sua reação ou não reação ao tema abordado,o domínio do silêncio e a profundidade e dinâmica do Som que faz a música.
Componho por puro prazer ao trabalho que me propõe durante o processo no qual acontece
uma felicidade muito rara .
Digo logo, componho para todos os presentes, que me acompanham, tanto os vivos que os mortos, para o Universo integral, que finalmente sou eu mesmo, ou poderia ser um dia.
Observação: Tenho perdido atualmente as salas de ensaio devido a uma invasão de cupim, fixando-me na produção de livros para preservar esta experiência da pesquisa, tanto musical que literária.



Walter Smetak

segunda-feira, 23 de junho de 2014

LP Interregno completando 34 anos.

Em Julho de 1980 Walter Smetak  e Conjunto de Microtons  lançaram o disco Interregno , um marco da música microtonal com o patrocínio da Fundação Cultural do Estado da Bahia.
Os sons deste álbum foram Gravados em novembro de 1979, no estúdio da EMAC/UFBa e mixados nos estúdios WR, com direção de produção de Carlos Pita.
Músicos: Walter Smetak, Thomaz Gruetz, Baltazar Schawabe, Hans Ludwig,Samuel da Motta, Elcio Sá, Antonio Sarquis, Tuzé de Abreu.






MP132 – Walter Smetak & Conjunto Microtons / Interregno (1980)
Discos Marcus Pereira – FCBE 1002 – Tracks: 7  Playing time:  46:34
.
1 Tendenciosa – Walter Smetak & Conjunto Microtons – (Walter Smetak) (7:02)
2 Plágio – Walter Smetak & Conjunto Microtons – (Walter Smetak) (12:40)
3 Espelhos – Walter Smetak & Conjunto Microtons – (Walter Smetak) (2:56)
4 Trifase – Walter Smetak & Conjunto Microtons – (Walter Smetak) (6:14)
5 Sementeira – Walter Smetak & Conjunto Microtons – (Walter Smetak) (5:56)
6 Ofício – Walter Smetak & Conjunto Microtons – (Walter Smetak) (5:09)
7 Convite – Walter Smetak & Conjunto Microtons – (Walter Smetak) (6:37)

PLÁGIO 


 Tendenciosa



Texto de Smetak, na contracapa de Interregno:


O LP com o nome de "INTERREGNO" é uma raridade, pois será o último desta série de experiências. Esta pesquisa levou à uma quase infinita variedade da diversidade que não acaba mais: procuremos então os binóculos, para acharmos o caminho de volta. Trabalhamos durante 5 anos os violões microtonizados, com certo êxito. Os instrumentos criados por mim foram quase abandonados, porque a preocupação de achar soluções dominava. Os violões microtonizados pareciam oferecer um campo ideal para abrir o painel sonoro. Mas o que faltava neles era a continuidade da sonoridade. A constante repetição de uma nota, para sustentar um som longo, nos obrigou a procurar outros recursos, acústicamente distantes da sonoridade do violão. Foi adquirido um órgão eletrônico. Este por sua vez, equipado de grandes recursos, começou a predominar, o que tornou os violões simples acompanhadores. Aprendeu-se, muito mais tarde, à usar o órgão para aquilo ao que ele foi destinado: produzir sons longos. Desta maneira foi gravado o disco. A ausência da voz humana fez-se sentir, não se achou uma cantora adaptada ao tipo de música improvisada que pretendíamos fazer. Assim, buscamos o velho instrumental, que já estava afastado, e para surpresa de todos, houve uma súplica favorável. Gravamos também solis de violoncelo e órgão, que não constam neste disco, devido as restrições da mixagem, e ao tempo disponível. Foi necessário fazer tudo à jato. Até o tempo improvisou-se! Nas gravações, não constando neste disco, foi alcançado um outro plano. E como dissemos no início: o disco é uma raridade tal como ele está, cheio de possibilidades, de um futuro que ninguém pode saber como poderia ser. Mas para não vitimar mais gente, preferimos parar por aí. O vaso arrebentou-se em cacos. Tomem cuidado para não ferir o ouvido.
WALTER SMETAK

Faixa 01-Tendenciosa.
Compositor-Walter Smetak.
Músico(s):
Antônio Sarquis : Violão Microtonizado com Arco
Baltazar Scwabe : Violão Microtonizado com Arco
Élcio Sá : Violão Microtonizado com Arco
Hans Ludwig : Violão Microtonizado com Arco
Samuel da Motta : Violão Microtonizado com Arco
Thomas Gruetz : Violão Microtonizado com Arco
Walter Smetak : Órgão Yamaha
                                 
Faixa 02-Plágio.
Compositor-Walter Smetak.
Músico(s):
Antônio Sarquis : Chori Baixo
Antônio Sarquis : Flautas
Baltazar Scwabe : Flautas Andinas
Baltazar Scwabe : Borel
Élcio Sá : Peixe
Élcio Sá : Colóquio
Élcio Sá : Borel
Élcio Sá : Constelação
Hans Ludwig : Tímpanos
Hans Ludwig : Vasos
Hans Ludwig : Ronda
Hans Ludwig : Árvore
Hans Ludwig : Borel
Samuel da Motta : Tímpanos
Samuel da Motta : Selvadura
Samuel da Motta : Ronda
Samuel da Motta : Flauta
Samuel da Motta : Borel
Thomas Gruetz : Vida
Thomas Gruetz : Borel
Thomas Gruetz : Quadrado Mágico
Thomas Gruetz : Gaita
Thomas Gruetz : Aranha
Tuzé de Abreu (Alberto José Simões de Abreu): Flautas
Tuzé de Abreu (Alberto José Simões de Abreu): Boréis
Walter Smetak : Mimento
Walter Smetak : Barco
Walter Smetak : Órgão Yamaha
Walter Smetak : Colóquio

Faixa 03-Espelhos.
Compositor-Walter Smetak.
Músico(s):
Antônio Sarquis : Violão Microtom (Mi Grave)
Baltazar Scwabe : Violão Microtom (Si)
Élcio Sá : Violão Microtom (Lá)
Hans Ludwig : Violão Microtom (Sol)
Samuel da Motta : Violão Microtom (Ré)
Thomas Gruetz : Violão Microtom (Mi Agudo)
Walter Smetak : Órgão Yamaha
                                 
Faixa 04-Trifase.
Compositor-Walter Smetak.
Músico(s):
Élcio Sá : Violão Microtom (Lá)
Élcio Sá : Violão
Thomas Gruetz : Violão Microtom (Mi Agudo)
Thomas Gruetz : Violão Microtom (Mi Grave)
Walter Smetak : Órgão Yamaha
                                 
Faixa 05-Sementeira.
Compositor- Walter Smetak.
Músico(s):
Antônio Sarquis : Chori Baixo
Antônio Sarquis : Flautas Xavantinas
Baltazar Scwabe : Samponas
Baltazar Scwabe : Flautas Duplas
Baltazar Scwabe : Vasos
Élcio Sá : Peixe
Élcio Sá : Violão Microtonizado com Arco
Élcio Sá : Constelação
Hans Ludwig : Ronda
Hans Ludwig : Árvore
Samuel da Motta : Mimento
Samuel da Motta : Colóquio
Samuel da Motta : Cítara
Thomas Gruetz : Gaita
Thomas Gruetz : Vau
Thomas Gruetz : Sinos
Walter Smetak : Órgão Yamaha
Walter Smetak : Selvadura
Walter Smetak : Vida
Walter Smetak : Chori Smetano
                                 
Faixa 06-Ofício.
Compositor -Walter Smetak.
Músico(s):
Antônio Sarquis : Borel
Baltazar Scwabe : Borel
Élcio Sá : Borel
Hans Ludwig : Borel
Samuel da Motta : Borel
Thomas Gruetz : Borel
Walter Smetak : Órgão Yamaha
                                 
Faixa 07-Convite.
Compositor -Walter Smetak
Músico(s):
Antônio Sarquis : Violão Microtonizado com Arco
Antônio Sarquis : Flautas
Antônio Sarquis : Percussão                      
Baltazar Scwabe : Violão Microtonizado com Arco
Baltazar Scwabe : Flautas
Baltazar Scwabe : Percussão
Élcio Sá : Violão Microtonizado com Arco
Élcio Sá : Flautas
Élcio Sá : Percussão
Hans Ludwig : Violão Microtonizado com Arco
Hans Ludwig : Flautas
Hans Ludwig : Percussão
Samuel da Motta : Violão Microtonizado com Arco
Samuel da Motta : Flautas
Samuel da Motta : Percussão
Thomas Gruetz : Violão Ovation
Tuzé de Abreu (Alberto José Simões de Abreu): Flautas
Walter Smetak : Violoncelo

[Agradecimentos ao blog Abracadabra-LPs do Brasil]